SOB A LUZ DO REFLETOR – Vontade de Não Vencer

Mais um teste contra o Botafogo e dessa vez 1×1 no placar. Odair fez uma escalação que poderia ajudar ao time criar mais situações de gols e ficar mais perto da área adversária. Entramos com Micheal Araújo no lugar do Yago e Yuri no lugar do Hudson. Essa segunda não muda muita coisa, só piora a qualidade. A entrada do Michel Araújo dava esperanças de um meio mais criativo e mais vertical.

Os problemas não são tão fáceis de resolver. Odair é um cara sério, extremamente organizado e o grupo parece gostar dele. Tem sim essas vantagens. Por essas e outras consegue montar uma defesa mais sólida e dificultar perdermos jogos facilmente e até arrancar empates. Mas para por aí.

Na coluna passada comentei sobre a necessidade de um armador no nosso meio e até citei Miguel ou Michel Araújo. Odair fez isso. Fui ingênuo. A impressão que me passou nesse último amistoso é que, mesmo jogando com 10 “Miguéis”, não atacaremos de verdade o adversário. Não que seja só esquema tático, porque se você colocar 10 “Yuris” avançados, também não vai conseguir fazer gol. É todo um conjunto de ações: Escalação, sistema tático, movimentação, jogadas ensaiadas, treinamentos, continuidade do time, forma física , entre outros. Mas vamos ficar no que podemos comentar, no que temos base pelo que estamos vendo durante os jogos.

Não é só o Odair. É incrível como os times brasileiros (maioria disparada) são pragmáticos. Lutam pela bola, fecham espaços, tentam de leve sair jogando e dão chutões. Na maioria das vezes esperam o gol cair do céu e se esforçam muito para não tomar. É quase um pensamento: ” 0x0 eu já tenho, tomara que tenha sorte lá na frente!”

O Fluminense, para ficar no assunto desse querido site, até tenta ficar com a bola, mas não sabe muito bem para que. Deve ter muito treino de bobinho durante a semana, porque é isso que fazemos. Ficamos com a bola sem objetivo nenhum. Pode tudo, até recuar para o goleiro mesmo estando quase dentro da área adversária. O importante é ficar com a bola. Afinal, se você fica com a bola, o 0x0 você já tem. Vejam quantos atletas do Flu invadem a área numa jogada de ataque. Nesse jogo, Gilberto até chegou ali pela linha de fundo, mas quando olhava para área ele enxergava apenas Evanílson no meio de 3 ou 4 defensores. Vai cruzar? Voltava a bola.

Se o time não tiver a vontade de fazer o gol e a vontade de vencer os jogos, nada adianta a escalação. Para fazer gol tem que criar. Para criar precisa de gente próxima do gol. Hoje só temos um cara ali: Evanílson. É o único que faz uma diagonal, que se mexe, que está sempre apto a meter a bola para dentro. O resto está a quilômetros da área.

Também não adianta você encher de atacantes na linha da grande área, porque vai se formar um verdadeiro paredão na sua frente. Coloca 3 atacantes parados ali que juntarão 4 defensores e teremos 7 cabeças na frente da área embolando tudo. O time precisa de movimentação. O Nenê não pode ficar preso, amarrado a linha lateral. NÃO TEM FORÇA mais para isso. O Marcos Paulo não pode ficar estático na linha lateral, NUNCA TEVE FORÇA para isso.

É complicado comparar, mas vendo jogos do paulista, afinal teve time que acelerou nosso campeonato a toa, o Corinthians tem o mesmo problema. Ficam todos nos seus devidos lugares marcados no campo. Como se tivesse um x na grama e o técnico falado: “Está vendo aquele x, você vai jogar ali!”. Ganhou duas ou três partidas com chute de fora da área contando com frangos adversários. É aquela sorte que falei acima: “0x0 eu já tenho, tomara que tenha sorte lá na frente!”

Se a gente for analisar um Grêmio ou o novo queridinho da Ferj,  veremos que ninguém fica parado na frente, mas quando atacam vão de bando. São 4 ou 5 entrando na área, trocando de posição, fazendo diagonais, triangulação com laterais….aí a defesa se enrola e as oportunidades aparecem.

Me deixa muito preocupado a falta de vontade de vencer do time. A espera por um milagre na frente. Se não vencermos muitos jogos no Brasileiro, vamos sofrer de novo. O empate não leva ninguém a nada. É preciso escalar certo, mas agredir mais e com mais jogadores. Sim, tem seus riscos, mas isso é um jogo e todo jogo tem risco. Como já diz nosso hino: “…VENCE O FLUMINENSE com verde da esperança…”.

Toque Curto:

• Que jogo horroroso entre Corinthians e Palmeiras pela final do Paulistão. É a cara do futebol brasileiro. Todo mundo brigando pela bola para…entrega-la ao adversário. Depois vem um português qualquer aqui, faz sucesso e ninguém sabe porque.
• Gilberto vendido? Sinceramente? Achei bom. Vai com Deus, colocamos um din din na conta e vamos dar chance ao Calegari. Essa molecada tem que jogar mais. Tem mais vontade, técnica, custam menos e são investimentos do clube.
• Se tem uma jogada que eu mais odeio atualmente é quando a bola já está no campo do adversário e começamos a recua-la, recua-la e recua-la até chegar no goleiro que…..dá um bico para frente. É surreal isso.
• Início de Brasileirão pesado. Fortes emoções por vir.